sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Você respira?

Texto de Patricia Reis

Como anda sua respiração? Nos concentramos em tantas tarefas, vivemos dias tão agitados e só percebemos nossa respiração quando temos que buscá-la mais lá no fundo e ainda assim parece que o peito diminuiu, que falta ar. E isso as vezes acontece com tanta frequência que já nos acostumamos e nem nos surpreendemos. Mas atenção, isso é um perigo para a saúde!

Faça um teste simples: coloque uma mão sobre a barriga, na altura do umbigo e outra sobre o peito, na altura pouquinho abaixo das clavículas. Respire normalmente e responda: o que mexe mais quando você respira - o peito ou a barriga?
Se a resposta for a barriga principalmente, isso é ótimo, sinal que você está respirando corretamente, fazendo o ar passar por todo ciclo para absorção completa do oxigênio que seu corpo precisa. Mas se usa resposta for o peito que mexe mais e a barriga nada ou quase nada, significa que sua respiração está incompleta. Você está respirando só com a parte de cima dos pulmões, deixando o restante estagnado, sem regeneração. Além disso, entra apenas metade do oxigênio que deveria entrar e aí está a explicação porque você tem que se esforçar para buscar mais ar que parece por vezes faltar. E o esforço é ainda maior, pois é necessário respirar em dobro para compensar a quantidade de oxigênio.

Uma respiração completa deve ter três aspectos: ritmo, profundidade e duração. Deve então ser lenta, profunda e longa. Já percebeu a respiração de um bebê? É exatamente assim. Nascemos respirando corretamente, mas com o passar do tempo, envolvidos com tensões, medo e estresse, alteramos nossa respiração e não nos damos conta disso. A respiração completa fica esquecida e adotamos uma respiração rápida, superficial e curta. Uma respiração ordinária que utiliza apenas um terço da capacidade dos pulmões, reduz a absorção de propriedades vitais do ar e, por se localizar na região superior, comprime o CORAÇÃO.

E como mudar isso? A resposta é: consciência respiratória e exercício. Todo dia um pouquinho e quando você menos esperar já estará respirando corretamente sem precisar se monitorar. Os praticantes de yoga conhecem bem esses exercícios chamados pranayamas. A idéia aqui não á aprofundar esse estudo, mas vou deixar uma breve explicação. Pranayama é o controle da energia vital, a ciência da respiração, capaz de promover saúde e a cura. Existem muitos exercícios, cada uma com uma funcionalidade e deixo aqui o mais básico deles: o que ajuda na consciência respiratória e alivia tensões. O melhor é você fazer em casa, deitado confortavelmente, no silêncio, para ter total atenção ao exercício e levar sua consciência para o agora, se concentrar unicamente no que está fazendo. Se você já quiser testar daí onde está, tudo bem, mas os próximos pratique reservadamente. Tente fazer de cinco a dez respirações por dia até se acostumar com ela. Você perceberá que já a terá incorporado quando estiver em alguma atividade cotidiana e perceber que está movendo a barriga ao respirar. Isso te dará uma sensação maravilhosa.  Vamos ao exercício:

Imagine que seu pulmão é um balão e que precisa ser todo enchido, só que ele enche de baixo para cima. Então imagine três etapas deste echimento que deve acontecer numa única inspiração. A primeira parte é a barriga, na região do umbigo, onde cabe mais ar. A segunda parte é a região do tórax, das costelas, uma região intermediária que cabe um pouco menos de ar. A última parte a ser enchida é a região do peito na altura pouquinho abaixo das clavículas e aí cabe um pouco menos de ar. Com os olhos fechados, coloque uma mão sobre a barriga, na altura do umbigo e outra no peito, na altura um pouquinho abaixo das clavículas. Fazemos isso para melhorar nossa percepção no direcionamento do ar para essas regiões. Certamente que uma das mãos pode dar uma escorregadinha para a altura intermediária do tórax na hora em que o ar estiver sendo direcionado para ali.

Comece esvaziando todo o pulmão, expirando todo o ar. Lembre-se que faremos tudo numa única inspiração. Inspire e concentre-se para que o ar vá primeiro para a barriga. Isso parece difícil na primeira vez, mas se você usar a distensão a seu favor ajuda bastante. Assim, relaxe bem a musculatura abdominal e estufe a barriga conforme o ar entra. Quando não couber mais ar ali, busque mais ar, direcionando agora para a região intermediária. Perceba aí as costelas se abrindo para a lateral. Quando esta estiver completa, busque mais um pouquinho de ar e encha a região superior do peito, que vai crescer conforme o ar entra. Nas primeiras vezes confundimos um pouco essas duas últimas regiões (a intermediária e a superior), mas com a prática conseguimos separá-las bem. Você pode também posicionar as duas mãos  acompanhando cada etapa, conforme a figura abaixo:
 
Foto do livro Ayurveda Saúde e Longevidade na Tradição Milenar da Índia de autoria do Dr. Danilo Maciel Carneiro, ed. Pensamento, 2009.
Na hora de expirar, esvazie o balão de cima para baixo, fazendo o caminho inverso: solte primeiro o ar da parte superior do peito, depois da parte intermediária do tórax e por último o ar da barriga. 
  
Essa é a maneira correta de respirar o dia inteiro e todos os dias. Com treino você será capaz de fazê-la instintivamente. Certamente que estamos sujeitos às agressões externas que nos causam momentos de tensão e estresse e isso pode voltar a atingir novamente nossa respiração. Com a consciência respiratória que você ganhou, ficará fácil perceber esses momentos e dar uma pausa: sentar, acertar a respiração e voltar a enfrentar a situação de tensão sem deixar que ela agrida seu corpo.  

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