quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Orgânicos e o "bem me quer, mal me quer..."

Texto de Patricia Reis


Na busca por melhor qualidade de vida surgem muitos questionamentos quando começamos a buscar mais informações sobre determinado assunto que está “na moda”. E muitas vezes esses questionamentos acontecem porque nos permitimos duvidar de o que parece ser mero marketing, ou realmente uma informação cientificamente comprovada. A questão dos alimentos orgânicos não foge à regra e como muito tem se falado deles e aparecem em mercados e feiras com preços bem mais salgados, ficamos na dúvida sobre até que ponto eles fazem a diferença na saúde – sim, porque no bolso fazem bastante! Realmente vale a pena? Porque não valeria? E se vale, até que ponto? Vamos ver o que há de pontos positivos e negativos.

O que há de bom é que alimentos orgânicos são livres de agrotóxicos, produtos químicos e hormônios. No processo de produção são utilizadas técnicas que respeitam o meio ambiente e visam a qualidade do alimento. São bem mais saborosos (devido a ausência de pesticidas e químicas) e mais nutritivos. Até pouco tempo havia dúvidas quanto aos valores nutricionais dos alimentos orgânicos,
conforme podemos ver nesse link para matéria do site da revista Época, publicada em 29/10/2012. Porém, pesquisa recente divulgada em maio de 2014 no British Journal of Nutrition comprova que alimentos orgânicos têm  mais antioxidantes e nutrientes. Leia mais sobre isso nesse link para a página da Asbran (Associação Brasileira de Nutrição).

O problema é que orgânicos são produzidos em menor escala e, com maior custo de produção para combate às pragas, acabam se tornando mais caros para o consumidor final. Existem muitas restrições na produção. Como não é permitido o uso de defensivos químicos, a proliferação de pragas dificulta o aproveitamento total da colheita das matérias-primas. Já o campo de plantio deve estar 15 anos livre de agrotóxicos ou adubos químicos e a fábrica deve ser totalmente higienizada de produtos não-orgânicos. 

Os Orgânicos também não têm a aparência tão bonita, afinal de contas as frutas não levam ceras para ficarem brilhando no mercado (sim, você também pode estar comendo cera nas cascas de maçã, já que não saem na água); não são tão grandes, por não levarem químicas para crescimento rápido e as folhas e as cascas podem estar com furinhos, já que os insetos fazem a festa, uma vez que não possuem pesticidas. Mas nada que a paciência de selecionar os melhores produtos não resolva.

E então, será que vale a pena gastar mais?
Respondo com outra pergunta: você prefere gastar na feira/mercado ou na farmácia? E o futuro, como te aguarda com tanta química acumulada por anos?


O uso indevido e/ou abusivo de produtos químicos em alimentos pode causar efeitos crônicos a longo prazo àqueles que os consomem, como determinados tipos de câncer, diminuição da fertilidade e até a má formação de fetos. Você já observou o tamanho da banana prata no supermercado? E as cenouras? Tem cada tomate que parece que veio de Itu! Gente, isso não pode ser normal nem natural. É química, muita química! Confesso que tenho medo das babanas gigantes que tenho visto por aí...

Se você for procurar em sua cidade, vai encontrar lugares mais baratos. Aqui no Rio de Janeiro, existe o Circuito Carioca de Feiras Orgânicas que percorre alguns bairros. É um projeto criado pela parceria entre a ABIO (Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro) e o SEDES (Secretaria Especial de Desenvolvimento Econômico Solidário da Prefeitura do Rio de Janeiro) e conta com o apoio das Associações de Moradores dos bairros onde as feiras se realizam. Os produtos são vendidos diretamente do produtor ao consumidor e assim concorrem em preço com mercados e casas especializadas. Aqui neste link para o site das feiras orgânicas, você pode encontrar uma feira perto de você.

E atenção: alimentos orgânicos industrializados, como extrato de tomate, azeite de Oliva, açúcar, etc., devem possuir, no Brasil, selo de qualidade emitido por certificadoras reconhecidas pelo Ministério da Agricultura, como estes aí abaixo. 



Para ganhar esses selos, os produtores seguem várias precauções e têm suas lavouras e criadouros fiscalizados. A presença do selo garante, portanto, a procedência e a qualidade do produto comercializado.

Veja o que o site do Ministério da Agricultura diz:

Como saber se o produto é orgânico, mesmo?
Para vender na feirinha, o produtor sem certificação deve apresentar um documento chamado Declaração de Cadastro, que demonstra que ele está cadastrado junto ao MAPA e que faz parte de um grupo que se responsabiliza por ele. Neste caso, só o produtor, alguém de sua família ou de seu grupo pode estar na barraca, vendendo o produto. Essa Declaração deve ser mostrada sempre que o consumidor e a fiscalização pedirem
Já os produtos vendidos em mercados, supermercados, lojas, devem estampar o selo federal do SisOrg em seus rótulos, sejam produtos nacionais ou estrangeiros. Se o produto for vendido a granel deve estar identificado corretamente, por meio de cartaz, etiqueta ou outro meio.
Os restaurantes, lanchonetes e hotéis que servem pratos orgânicos ou pratos com ingredientes orgânicos devem manter à disposição dos consumidores listas dos ingredientes orgânicos e dos fornecedores deste ingredientes.   
Fonte: Site do Ministério da Agricultura


Outra atenção: não é por se tratar de orgânico que o alimento não industrializado está livre de ser um veículo de doenças. A higienização completa deve ser feita da mesma forma, afinal de contas, os bichinhos e microbichinhos também adoram!

Veja mais: Lei 10831, de 23 de dezembro de 2003 - Dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras providências.

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